Céu escuro! Onde estão as estrelas? Sinto tua falta e um frio cobre minha alma. Queria tanto que tu estivesses aqui, agora, ao meu lado. Quem eu sou? O que procuro? Não sei. Não que haja muito a dizer, mas é preciso caminhar e caminhar, sempre procurando atingir o infinito. Estou confusa. É como se não enxergasse a estrada.
O passado se torna presente, fazendo-me sentir todo o frescor daquela primavera. Andávamos tão alegres de mãos dadas, curtindo o perfume das flores, a conversa era trivial: como iríamos fazer para terminar a parte lateral da casa que dava para o jardim... Quando pronta ficou tão linda!
Também houve momentos de tensão para decidir o melhor jeito de não deixarmos as finanças entrar em colapso, mas depois que tudo ficava certo e bom, riamos de termos tido duvidas da nossa capacidade de administradores.
Foi tão bom e fiquei tão feliz quando me trouxeste aquele “bijou” antigo que eu amei tanto! As folhas das árvores estavam douradas marcando aquele fim de outono feliz, enquanto caminhávamos. Lembro-me que me abaixei para pegar um botão de flor azul caído no chão e te pedi que plantasse igual em nosso jardim, porque flores sempre foram minha paixão! O inverno estava para chegar e tínhamos ainda tanta coisa para ser decidido, mas não levávamos isso muito a sério. Queríamos apenas sentir a delícia daquele tempo bom, do céu tão azul que nos trazia alegria de viver.
Naquele inverno muita coisa foi mudando lentamente. Tão lentamente que parecia que a vida estava pedindo retrocesso. É fato que o céu continuava de um azul lindo, de tal beleza que só podia ter sido pintado pela mão de Deus! As flores estavam recolhidas num sono profundo para adquirirem pureza, quando acordassem na primavera.
E a primavera chegou. Algumas flores brotaram, outras ainda dormitavam esperando sua vez. Sol forte, às vezes com nuvens para chuva rápida! Ótimo! Minhas plantas agradecem. A grama que estava amarela se revigorou. A alegria e o bem estar tomou conta do ar e como todas as manhãs vamos fazer caminhadas pelas ruas ainda de terra. Mato florido cheio de brotos de alfazema que antes colhia para fazer almofadas.
Agora não é mais assim. A roda da vida vai rolando e eu aceitando. Como alguém já disse: “Aceitar a realidade não é reduzi-la à vida material. A realidade é a vida exterior e o mundo interior com suas possibilidades e valores imponderáveis”. Eis porque sei que estais aqui neste passado-presente e ainda te amo.
Daici Maria D'Andretta
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