É com muito carinho que apresento a vocês, que sempre me cobraram ter acesso aos meus textos, esta coletânea “Mares e Marés”, formada por tudo que escrevi ao longo da minha vida, a partir da década de 60 até os dias atuais.
A ideia de organizar o primeiro livro “Pelos Caminhos, só” surgiu quando recebi a visita de Marina Colassanti, morando eu no Recife, e ela me disse “eu esperei dez anos para publicar meu primeiro livro. Por que você não pode esperar? Organize seus escritos”.
A partir daquele dia, a frase ficou martelando minha cabeça e comecei a organizar. Sem muita informação de como fazer um livro, fui selecionando e datilografando os textos. Na época ninguém tinha computador, exceto uma ou outra pessoa que trazia as peças dos EUA e montava aqui. Ele contém textos escritos dos meus quatorze anos até 1991. Para a capa pedi a meu filho Daniel Mario, na época com nove anos e que sempre desenhou muito bem, que desenhasse para mim conforme a ideia que estava na minha cabeça e ele o fez. Exatamente como eu queria.
Comprei cadernos de capa dura e fui escrevendo os livros que se seguiram até 2013, quando foram aqui postados. Porém, como obra aberta, outros virão e serão disponibilizados neste meu pequeno espaço, que se agiganta no carinho àqueles que o visitam.
Tendo eu profunda admiração e amizade por ODILE CANTINHO - de quem tenho a honra de ter sido presenteada com todos os seus livros com dedicatória - e cujo incentivo foi fundamental para a publicação “DOS PÁSSAROS QUE ME VISITAM”, além de me apresentar em várias academias de letras de Pernambuco, lhe pedi que fizesse o prefácio para toda a coletânea. Como ela contava já 96 anos, sugeri que fizesse um para todos os livros. Ela, sempre generosa e com grande carinho por mim e por meus trabalhos o fez! Seu filho Ismael se surpreendeu na ocasião, posto que ela há muito não queria escrever nenhum texto e enfrentava as dificuldades naturais da idade. Mas fez! Minha alegria e minha gratidão não tem medida. Pelo que consta foi o último texto que ela escreveu. Infelizmente hoje, com 98 anos e saúde muito abalada, minha doce poeta é como uma vela reluzente que se apaga suavemente.
Entrego a vocês.
PREFÁCIO
Do outro lado do rio, a sombra de uma jangada.
O vento sopra e a sombra aproxima-se de mim. A
imagem reflete com mais clareza a figura de um homem de pé. Equilibra-se. Pés
descalços, braços abertos, olhando para cima, ouve-se o forte eco de sua voz.
– “De que duvidais? Homens sem fé: Sou “EU”!
Descalço sobre as águas.
A mensagem era para todos nós.
Olho as estrelas.
- Fantasma ou lunático? A voz continua. Percebo
palavras de um antigo poeta. Consigo identificá-lo: Olavo Bilac.
Não há dúvida!
Nitidamente ouço o verso conhecido: Ouvir
Estrelas:
“- Amai para entendê-las.”
Não é fácil ouvir estrelas, muito menos
entender o que dizem. Repito o verso, por achar bonito e que deve ser lido com
calma e reflexão: Estrelas escondidas no coração de um poeta que ama e é amado.
Ao abrir este livro, deve-se pensar com calma e
reflexão sobre o amor. Para ser lido com o coração cheio de amor, escondido no
âmago da poesia. Você, leitor, encontrará o valor dos versos de Cristina Manga
e se deleitará, talvez, até ouvirá o que dizem as brilhantes estrelas.
Permito-me transcrever um poema nosso,
intitulado Plenitude:
Deixa
que o vento frio
Venha
gelar-me a face;
Deixa
a tormenta arrebatar-me a luz;
Deixa
o negror invadir meus olhos e,
Só,
na sombra, brilhará o meu espírito,
Lúcido,
fulgente, porque há nele
O
reflexo ofuscante
Da
luz de Deus.
Odile Cantinho – Dezembro de 2011.
A prefaciadora é Poeta, Contista, Romancista, Membro da União
brasileira de Escritores – Regional PE; Membro da Academia de
Artes e Letras do Recife – PE; Membro da Sociedade
Brasileira dos Médicos Escritores – SOBRAMES – PE; Membro do grupo
Literário Celina de Holanda
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