E foi uma noite longa. E foram discursos alucinados, alienados e defesas de orgulhar aqueles que de fato construíram suas personalidades em valores reais e coletivos. Se olharmos o somatório de votos veremos com tristeza que esta Câmara é formada por uma maioria que pensa a sociedade para si e não para todos e usa a desgraça para produzir mais desgraças...
Cinco votos! Cinco votos faltaram para que pudessem modificar a Constituição e declarassem definitivamente que toda a violência produzida por menores de idade é mero fruto de suas maldades. Por cinco votos apenas... Os que votaram a favor da redução da maioridade penal nada fizeram antes, nem farão nada, para corrigir de fato as desigualdades de todo gênero que produzem os delitos de menores. Em outras palavras, não importam as causas, importa a vingança, a punição à altura da dor que tenham produzido. Mais nada.
E esses senhores e algumas senhoras, inflamados ou chorosas, são brancos (como sempre) e tiveram acesso às suas oportunidades. Não venham estes delinquentes tirar-me o que me pertence. Não venham matar meus filhos! Mas a polícia mata (e como mata!), tortura, estupra, chantageia, maltrata os filhos, os irmãos, os pais ou mães dos “delinquentes” e isso, segundo eles, está correto. Me pergunto que sociedade é esta. Quanta falsidade.
Enquanto os senhores deputadas se digladiavam a juventude lá fora era contida pelas forças policiais. Depois o “contida” virou praça de guerra.
Na outra “casa do povo” um falso herói nacional tentava vender a Petrobrás às pressas, em regime de urgência! Perdeu! Perderá sempre! A Petrobrás é o maior patrimônio nacional! É nossa e NÃO VAMOS ENTREGAR-LA “senhor senador”. A “privataria tucana” acabou!
Imagino os berros e rosnados que darão os programas policiais de hoje! Meu Deus! Cada canal aberto tem o seu, cultivando violência, ódios, incitando a todos com suas próprias leis que afirmam ser “vontade de todos”. Não me lembro de ter sido consultada e nem as pessoas de bem que conheço.
Antes que algum apressadinho venha a julgar minhas intenções, declaro para os devidos fins que qualquer pessoa que cometa delito deve ser punida. Mas, justiça não é vingança, nem pode ser aplicada de qualquer maneira a qualquer um. A sociedade é responsável pelos seus membros e deve a eles, por igual, todos os recursos necessários para que possam depois ter moral para cobrar as atitudes corretas de todos.
Quando um país mantém desigualdade social, desigualdade racial, justiça seletiva, juízes que não respeitam a Constituição, deputados e senadores que pensam estar acima da sociedade que o elegeu e acima do executivo eleito majoritariamente em eleições livre e tudo isso é vendido como “ético” pelas mídias todos os dias, eu defenderei as minorias com unhas e dentes, porque não fui criada para ser carrasco. Fogueiras já fizeram o suficiente na Idade Média. É hora de construir uma civilização e não ser mais manipuladores em benefício próprio.
È hora de criar uma nova cultura que se oponha aos abusos de toda espécie, inclusive da natureza, às discriminações, aos ódios, à criminalização do diferente. Os diferentes foram gênios da humanidade. Em quanto, como bem disse um companheiro ontem, a maioria escolheu Barrabás.
Cristina Manga
(in "Crônicas)
(in "Crônicas)
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