quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MEDITANDO


Pessoas estão perdendo a capacidade do espanto, como se tudo ao redor fosse sabido ou esperado. Perder a capacidade do espanto implica na perda de sensibilidade e nela reside nossa capacidade de ver as coisas por vários ângulos e fazer nossas escolhas de forma consciente. Perder a capacidade do espanto é perder, também, a percepção do belo, do novo, do inédito, ainda que olhando para o velho, o suposto sabido ou suposto conhecido.

Pessoas estão se permitindo a raiva fácil, confundida com indignação. Raiva não é indignação. Raiva é uma emoção, que explode por qualquer fato que desagrade e atinge qualquer alvo próximo e/ou remoto, sem estratégia de ação e sem foco para a ação. Raiva é apenas uma reação. Indignação é um sentimento, tem foco e elabora com critérios predefinidos, as estratégias de ação, A indignação não comporta emoções ou pensamentos de vingança, atos impensados dos quais a pessoa possa ter arrependimentos posteriores. A ação é clara, definida e justa. Indignação não é reação ao que me desagrada, mas uma ação consciente, calma e segura, com objetivos definidos e ação elaborada.

Pessoas estão deixando de crescer ao confundir emoção com sentimento e perdendo a capacidade do espanto, como se de fato pudessem saber de tudo sobre tudo e ter tudo sob o controle de sua vontade.

A vida não é controlável. Todo planejamento e decisões podem ser surpreendidos a qualquer momento pelo imprevisto, o desconhecido, uma nova verdade, um novo som, um novo pássaro ou o sussurro de um novo amanhecer.
                                                                                           
Cristina Manga
(in "Crônicas")


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