Senhores deputados e deputadas, senadores e senadoras, aos quais o povo paga regiamente, fazendo do ineficaz parlamento brasileiro um dos mais caros do mundo: o golpe não passará!
Não passará porque não bastassem as dezenas, talvez centenas de denúncias de corrupção, em todos os níveis da política e da economia nacionais, onde os nomes dos golpistas são citados, vazou mais uma, agora com mais de 200 nomes onde, a rigor, estão praticamente todos os que se arvoram em defensores da honestidade nacional, hipocritamente.
Não passará porque, à luz da Constituição e da legislação complementar não há o que justifique um impeachment, qualquer coisa que seja ou se assemelhe a crime de responsabilidade, cometido pela presidente da república.
Não passará porque ainda existem homens e mulheres honrados no parlamento que, embora minoria, reconheço, não envidarão esforços para barrar essa excrescência.
Não passará porque a opinião pública cada vez mais entende que no golpe está a fuga dos verdadeiros ladrões.
Não passará porque a consciência nacional está despertando para o perigo de nos ver apêndice, anexo de potência estrangeira.
Não passará porque o povo tem memória e sabe o que significa o retrocesso.
Mas, passando nessa comissão de mais da metade dos membros respondendo ou já tendo respondido a processos como ladrões, não passará em plenário.
Não passará porque, vazado de parlamentar que “há muito dinheiro por trás do impeachment”, vindo da Fiesp e do exterior, o plenário terá preocupação com a própria imagem e não se curvará, com os honrados se recusando à vala comum dos golpistas remunerados.
Mas vamos supor que passe no plenário, em atestado de que a Câmara dos Deputados é uma organização criminosa, dirigida por um criminoso, o presidente do Senado Federal tomará isso não como fato consumado, mas como indício de ilícito cometido pela presidente, e poderá acatar ou não a queixinha com tanto esforço feita pelos senhores.
Não acatando, os senhores não passaram, o golpe não passou.
Acatando, começará nova batalha em plenário, quando apartaremos os senadores honrados dos vendidos ao capital e/ou em fuga da justiça, e não passarão, o golpe não passará.
Mas, querendo-se o Senado Federal subordinado à Câmara, instância menor, um simples anexo, complemento, pessoas e organizações, entidades, recorrerão ao Supremo Tribunal Federal, que dará o veredicto final, se houve o citado crime de responsabilidade ou não.
Não tendo havido, os senhores não passaram, o golpe não passou.
Como não há nem houve, deverá prevalecer o bom senso e a honestidade, a lei, e os senhores não terão passado, o golpe não passou.
Mas vamos à instância última do absurdo, supondo que os senhores ministros do STF optem por legalizar o crime, avalizar a mentira como forma de legislar e fazer cumprir as leis, restará ainda um último plenário, instância última e irrecorrível, com milhões de resistentes convictos de que não deixarão passar.
Senhores! Os senhores não passarão, o golpe não passará.
E entrarão para a história como golpistas fracassados ou como os que induziram um povo a uma guerra civil.
Os golpistas se justificam nas próprias contradições.
Na ditadura militar, os tiranos nos repetiam que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, e em nome da liberdade nos deixaram sem liberdade por vinte e um anos, paradoxalmente nos tirando a liberdade para preservar a nossa liberdade.
Hoje a motivação do golpe é outra, livrar o país dos ladrões, mas como, se os ladrões é que pretendem acabar com o roubo, uma falácia típica dos golpistas, que se revelam no insustentável.
Não serão algumas dezenas ou centenas de fichas sujas que decidirão pelo futuro de muitos e muitos milhões de fichas limpas.
Não passarão!
Francisco Costa
Rio, 24/03/2016.
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