Ando me sentindo do jeito que não gosto:
gosto de saudades tristes,
silêncios de solitários dias,
mas, se solidão é companhia
então, nunca ando só, somente triste.
Não gosto do cansaço
que perturba meu sono,
nem dos discursos
que escuto
a blasfemar imundos
sobre tudo!
Não gosto do absurdo
que o carro de som anuncia:
pequena menina virou anjo
sem agonia,
assim, como quem se encanta
por encantar.
Ando sentindo o que não gosto:
como se todo caminho à frente
fosse como uma onda incontrolável
porque a vida, apesar de bem vivida,
parece que apenas se inicia
e insaciável...
Cristina Manga
(in "Estrelas de Barro")
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